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sábado, 28 de abril de 2012

Um cara de Sorte

Do blog do Milton Leite, narrador da Globo/SPORTV e dono do blog "Q Beleeeeza", que postou esse texto com o título de "Pep Legal". Muito bom ao falar de Guardiola e Barcelona.

Sou um cara de sorte.

Nasci a tempo de ver Pelé em ação – foi com ele, na Copa de 70, que aquela seleção brasileira me arrebatou de vez para o futebol. Vi o Flamengo de Zico, o Milan dos holandeses. A Holanda de Cruyff, Maradona, Ronaldo… Chorei — e foi a única vez por causa do futebol — com a seleção de 82.

E ao ler o noticiário desta sexta-feira a respeito da saída de Pep Guardiola do comando do Barcelona, outra vez me senti afortunado. Não só por ter vivido nestes tempos de um dos maiores times da história, mas porque tive a possibilidade de estar lá em pelo menos dois dos muitos feitos desta máquina que em quatro ganhou 13 títulos – além de encantar, o que conta muito para quem tem visão de futebol semelhante à minha. Transmiti na TV Globo as semifinais (Barcelona x Real Madrid) na temporada passada e estava no estádio de Wembley na grande final contra o Manchester United. Aquele jogo numa noite de um sábado, em Londres, foi quase um recital, uma aula daquelas que não se esquece. E fui ao Japão para acompanhar de perto a goleada contra o Santos, em Yokohama, no Mundial, de Clubes, transmitindo no Sportv.

Lembro bem das entrevistas do técnico catalão nas duas oportunidades, antes e depois dos jogos. Atendia com educação e, principalmente, conteúdo a jornalistas do mundo inteiro, falando em espanhol, inglês, catalão e italiano. Fiquei impressionado ao acompanhar o último treino do Barcelona na véspera do jogo contra o United. Ele só observou, o trabalho foi feito por outros membros da comissão técnica. Ficou longe dos muitos holofotes, chegou com o treino começado e foi embora antes de ele terminar – não, não era desleixo. Era trabalho em equipe, planejamento, todo mundo já sabia o que tinha que fazer.

Quem já teve a curiosidade de ler sobre a carreira de Guardiola sabe como ele se preparou, em que fontes bebeu (argentinos, em sua maioria) e como soube comandar um grupo de estrelas muito acima da média. Não foi simplesmente, como costuma acontecer por aqui, o ex-jogador que colocou uma calça de agasalho e pendurou um apito no pescoço.

Logo que a notícia da saída foi divulgada, no Brasil começou uma campanha pelas redes sociais pedindo Guardiola no comando da seleção brasileira. Não tenho nada contra técnicos estrangeiros, ao contrário, muitas modalidades já mostraram como este intercâmbio é saudável, especialmente quando os profissionais nacionais disponíveis não preenchem todas as necessidades. No entanto, considero pouco provável que acontecesse uma revolução no jogo da seleção com Guardiola. Podia melhorar em algumas questões pontuais. Mas com a estrutura do nosso futebol, nosso calendário, o pouco profissionalismo da maioria dos jogadores, a carência de consciência tática, dificilmente ele conseguiria ”barcelonizar” o Brasil – que no fundo é o que todos os que pedem por ele querem.

Guardiola anunciou que pretende ficar um ano sem trabalhar, curtindo a família, estudando futebol, descansando. E ele acerta na decisão, porque assumir outro time tão imediatamente a sucesso tão excepcional geraria expectativa de que qualquer time pudesse SER Barcelona. Mas só lá, na Catalunha, ele tem à disposição Xavi, Iniesta e Messi, para ficar apenas nos três geniais jogadores do melhor time do mundo.

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